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Kendorrhea

Random and useless personal thoughts on things that have nothing to do with nobody, like kendo, iaido and the like
Monday, March 14, 2005

Post UID: 111084391773773451 

Voltando às atividades...


Agora que a poeira está começando a assentar depois da minha volta, eu achava que seria possível manter este blog a um bom ritmo. Acho que me enganei redondamente.

Mas não pretendo abandonar este blog tão cedo. Em breve devo continuar (ou seria recomeçar?) a tradução que ficou congelada "no meio" por conta da minha ida ao Japão.

Kou gokitai! Aguardem!

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Friday, March 04, 2005

Post UID: 110997581172252846 

Impressões sobre o Japão


Como fala algum post anterior (ainda em inglês), eu estava no Japão passando uma temporada por lá.

Não vi tudo o que eu queria nem fiz tudo o que eu queria, mas vi e fiz muitas coisas, algumas interessantes, outras nem tanto. E queria comentar algumas coisas aqui. É um post longo e tenebroso, mas...

Bom... focando exclusivamente no lado que o blog se propõe a tratar.

Sendo bem sincero: não gostei muito do que eu vi.

É claro que não visitei TODOS os dojos e por isso não dá para generalizar (nem é essa a idéia), mas das coisas que eu vi, eu realmente gostei de pouca coisa.

Trocando em miúdos:

1) Kendô: a impressão que eu tive é que está puramente competitivo. Os kenshis são rápidos sim, são precisos sim, são fortes fisicamente sim. Mas é só isso. Isso é muito pouco. Falta um "algo mais" que encha os olhos, que faça olhar para o kenshi e dizer "esse é BOM MESMO". Não vi aquele amadurecimento no golpe, aquele golpe "seco" (waza ga karete iru), como diriam os japoneses.

Mas a coisa que MAIS me deixou abismado foi o exame de graduação. Tirar o terceiro kendo kata da graduação dos mais jovens (i.é., ikkyu e shodan, se não me engano) é algo surreal para mim. Em particular, quando ouvi a justificativa: "porque o terceiro kata é difícil". Isso foi demais para mim. Ainda mais quando os exames de todo o país, com exceção de algumas localidades, tiraram mesmo esse kata, pelo que fiquei sabendo.

Em primeiro lugar, o PRIMEIRO kata é DE LONGE o mais difícil na minha opinião, já que é o único que você não está atrás de um escudo.

Em segundo lugar, o terceiro kata é o terceiro kata não por mero acaso ou capricho dos criadores. O terceiro kata não começa em gedan porque é legal. O primeiro, o segundo, o terceiro e o quarto estão lá nessa ordem porque é assim a ordem. Ten-Chi-Jin-(Ying-Yang). Você passa todo o Gogyo no Kurai (os 5 kamaes fundamentais do kendo) nos 4 primeiros kendo kata. E vai tirar o terceiro kata agora?! E porque é "difícil"? Fala sério!

Eu estava conversando com um sensei Hanshi 8o dan lá e ele também fez aquela cara de contrariedade quando me falou dessas coisas. Pelo menos tem gente que não concorda. Menos mau.

Mas isso só mostra que cada vez MENOS pessoas entendem a importância do Kendo Kata dentro do Kendo. E isso é muito triste, já que o significado dos Katas vão gradualmente se perdendo no processo. Para mim, Kendô sem Kata não é Kendô. É bateção de bambu. Se tem gente que fica satisfeita em ganhar troféus por bater bambu, ótimo. Mas para mim, não tem muito sentido. Muito melhor ficar em casa dormindo do que ficar enfiado em roupas estranhas, vestir uns apetrechos de couro e sair batendo nos outros feito sessão de sadomasoquismo.

2) Iaidô: não dá nem vontade de falar. Lógico que tem gente forte, lógico que tem gente boa. Mas a maioria dos que eu vi é de uma qualidade que dá desespero. É verdade que muita gente considera iaidô mais um exercício meditativo do que uma arte marcial. Mas o que eu mais vi foi ou uma execução burocrática ou uma dança (sem querer desmerecer a dança) que tenta imitar algum movimento mais sério. Em muitos casos, era óbvio para mim que a pessoa estava executando o kata sem ter a MENOR noção do que estava acontecendo. Não que a pessoa não soubesse, em termos intelectuais. Mas o modo como a pessoa agia durante o kata era totalmente incompatível com o que o kata se propunha a fazer. Isso porque muitas vezes a pessoa treina kata de iai sozinho, ou seja, sem ter um adversãrio à sua frente. Assim, ele faz de uma forma que simplesmente "ignora" o adversário. Ok, isso pode ser algo profundamente zen e avançado que eu ainda não entendi. Mas, no meu estágio atual, não consigo ver de outra forma a não ser um monte de pessoas batendo (ou até mesmo brincando) no vazio, ao invés de cortar algo que realmente interessa.

3) Kyudô: JESUS CRISTO. Eu confesso que eu queria aprender kyudô quando fui ao Japão. Mas essa vontade morreu quando vi os treinos. Se não fossem os arcos e os alvos, acho que eu pensaria que estava no meio de uma partida de gateball. As pessoas (muitas delas já de idade, daí o gateball) sorrindo, conversando, dando risada e disparando flechas nas horas vagas.

Absolutamente NADA contra um treino descontraído, muito pelo contrário. Mas os treinos que eu vi eram MUITO fracos. Não em termos de técnica, mas em termos de condição interior do praticante. Kyudô não tem a ver com acertar na mosca. Isso é mera conseqüência, e o fato de errar o alvo nem sempre diz que o praticante é ruim. Mas foi RUIM ver uma pessoa altamente graduada ficar transtornada por causa de um erro pequeno na execução do tiro. Qualquer pessoa fica serena fazendo uma coisa que sabe. É quando dá problema que você sabe se você realmente está tranqüilo ou não. E uma das coisas do Kyudô (e de qualquer arte marcial japonesa séria) é exatamente obter essa tranqüilidade inabalável. O problema não foi ver o erro. Todo mundo comete erros. O problema foi ver a reação emocional. Eu esperava um controle melhor para uma pessoa com aquela graduação.

4) Koryu (estilos antigos): BOM... eu tive a oportunidade de ver vários estilos. Quem viu aquele vídeo que eu fiz sabe disso. Tem alguns estilos que são (continuam sendo) MUITO bons. Mas tem alguns que decaíram bastante. Ou me enganaram direitinho :D Agora, o que me deixa triste é a postura dos próprios japoneses que aprendem koryu: eu ouvi de vários senseis (não foi só de dois ou três) de que o grande problema é a idéia de que "eu posso aprender quando eu quiser". É verdade isso? Sim, é verdade. O duro é que parece que nunca querem. A conseqüência disso é que o estilo como um todo fica enfraquecido. Além disso, eu imagino que dentro de alguns anos, os estilos vão estar mais fortes FORA do Japão do que dentro. Os praticantes que vêm treinar de longe são aqueles que praticam MUITO a sério e com afinco. Eu imagino que algo semelhante aconteça com kendô, iaidô, kyudô e outros "dô" que tem por aí.

Mas também tem coisas boas. Vamos a elas:

1) Kendô: foi muito bom ver que, apesar do crescimento populacional negativo da população japonesa (em outras palavras, os japoneses estão "em extinção"), ainda há muitas crianças praticando kendô. Isso é uma coisa que, na minha opinião, ainda falta bastante no Brasil.

2) Iaidô: esse é difícil pensar em alguma coisa boa. Mas uma coisa que me falaram é de que mais e mais senseis estão questionando a validade do Seitei Iai. Isso é bom. Se essas dúvidas forem abordadas de uma forma construtiva, acho que o Seitei Iai vai ficar mais forte. A idéia do Seitei não é ser um "estilo", mas isso não é justificativa para que seja fraco.

3) Kyudô: vi um documentário de um mestre na fabricação de arcos. Muito bom. Um "shokunin" (mestre artesão? Não sei a tradução) de verdade, fazendo arcos para praticantes de verdade. Espero que haja muitos praticantes no Japão à altura dos arcos que ele faz.

4) Koryu: como está escrito acima, tem vários estilos que ainda continuam muito bons e muito fortes, obrigado. Isso mostra que é possível, ainda nos dias de hoje, ter um treino sério e construtivo, sem cair naquele marasmo nem chegar ao nível de tortura virtual para os praticantes.

É CLARO que tudo isso foram impressões que EU tive e que não necessariamente correspondem à realidade. Mais do que isso, eu ESPERO que eu esteja RADICALMENTE errado.

Do que eu me lembre, acho que é mais ou menos isso. Se eu me lembrar de mais alguma coisa, eu coloco aqui.

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Thursday, March 03, 2005

Post UID: 110988850946429619 

Stuff


I thought a little bit (just a little bit) about it and decided to make this blog mostly Portuguese (Brazilian Portuguese). I think there are way more sources in English than in Portuguese, so I think this blog will be a tad more helpful if I post in Portuguese now (starting from next post).

Obviously, if I put here translations of writings and such, I will put in Portuguese and in English, but I think most of the random ramblings will be in Portuguese from now on.

Sorry for the inconvenience.

As a side note, it's good that this blog has almost no visitors :D I can change most of it without being noticed :D

So, from the next post, this will become mostly a blog for people who can read Portuguese.

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